O que você já ouviu falar sobre Psicologia Positiva?
Estamos falando aqui de um movimento científico recente, que começou no final da década de 1990, quando Martin Seligman foi presidente da Associação Americana de Psicologia (APA).
Essa construção surgiu de um incômodo, de uma lacuna percebida e que precisava ser preenchida.
A Psicologia até então, mais precisamente ao longo do século XX, tinha se encarregado muito bem dos problemas e patologias, se ocupando com o que havia de errado com as pessoas, com o que não funcionava. Esse processo foi fundamental para o desenvolvimento e estruturação da ciência psicológica, pois hoje temos conhecimento para diagnosticar e tratar diversos transtornos mentais, que antes não tinham socorro. Porém, o outro lado, o lado que funciona, havia ficado descoberto.
A iniciativa de Seligman não representa a primeira vez que o foco positivo foi abordado na história da Psicologia. Entretanto, pouco havia sido falado de forma sistemática sobre o lado funcional do ser humano, sobre as suas forças e potencialidades.
Assim, a Psicologia Positiva veio trazer um novo enfoque: abordar o que faz a vida valer a pena. É importante destacar que a Psicologia Positiva não desmerece, nem ignora a existência de problemas, dificuldades e transtornos, a questão é que seu olhar é outro.
Nesse processo, salientamos que o fato de trazer um novo olhar dentro da Psicologia, não faz da Psicologia Positiva uma nova abordagem científica.
A Psicologia Positiva não vem ocupar mais uma cadeira de abordagem teórica como as já existentes. É um movimento científico, que conta com estudiosos no mundo inteiro, desenvolvendo pesquisas que buscam comprovar cientificamente que o homem pode ser mais feliz e ter uma vida melhor.
A Psicologia Positiva se interessa pelo que dá certo com as pessoas, se interessa por suas qualidades e sobre como promover o seu funcionamento positivo.
E aqui tempos um pequeno problema.
Esse enfoque positivo, fez com que a Psicologia Positiva soasse como autoajuda disfarçada; uma crítica comumente ouvida.
Pode até soar assim, mas é importante distinguirmos as duas coisas.
A Psicologia Positiva traz um enfoque científico para esse funcionamento positivo do ser humano.
Como afirma Alexander (2002), “A Psicologia Positiva é Psicologia, e Psicologia é ciência”.
Tal Ben-Shahar, um dos principais expoentes da Psicologia Positiva, apresenta a mesma como uma ponte entre os estudos científicos e a facilidade proposta pela literatura de autoajuda.
A Psicologia Positiva no caso, torna mais acessível o conhecimento produzido com rigor científico de forma que todos possam se beneficiar dos seus resultados. Estamos falando de psicologia Positiva como ciência aplicada e acessível.
Assim, a Psicologia Positiva veio trazer um novo enfoque: abordar o que faz a vida valer a pena.
A essência da Psicologia Positiva é focar no que funciona. Uma questão prática, por exemplo, é prestar atenção nas perguntas que fazemos aos nossos pacientes quando chegam no consultório.
Tradicionalmente, quando somos procurados em nossos consultórios as perguntas giram em torno de:
É claro que essas perguntas não devem ser ignoradas, mas temos outras tão importantes quanto estas, que também podem ser feitas e ajudar a mudar o enfoque:
Ao mudar as perguntas mudamos o foco e mudamos a realidade.
Enquanto perguntamos sobre o que vai mal, sobre o que não funciona, as pessoas vão procurar respostas pra isso.
Entretanto, ao fazermos o movimento de investigar o que vai bem, as pessoas passam a procurar outro tipo de resposta, o olhar muda a direção.
O objetivo da Psicologia Positiva, como aponta Martin Seligman, é catalisar uma mudança na Psicologia, saindo de uma preocupação em reparar as coisas que estão ruins, passando para a construção do que promove qualidade de vida. Não se trata de ignorar o que não funciona, mas também não ignora o que está funcionando bem.
“Materia Original: INSTITUTO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA POSITIVA“